
Líder da UE está com vontade de “lutar” e já tem duas moções de censura à sua espera. Ouviu muitas críticas ao acordo com os EUA, prometeu sanções a Israel e mais drones no leste.
Foi uma líder europeia combativa que se apresentou perante os 720 eurodeputados. Mas mal saiu de Estrasburgo já tinha duas moções de censura à sua espera a serem votadas em outubro.
Pouco antes do discurso, a Velha Europa foi novamente apanhada atrás da curva: a Rússia tinha entrado no espaço aéreo da Polónia horas antes. Israel bombardeou líderes do Hamas no Qatar no dia anterior. Ursula von der Leyen (UvdL) defendeu que a “Europa tem de lutar” e ser “independente”, afirmou, no seu primeiro discurso do Estado da União no seu segundo mandato.
O “Politico” não teve dúvidas na sua análise: “o plano de Von der Leyen para salvar o centrão”. O jornal europeu recorda que os centristas e os socialistas europeus andam a queixar-se há algum tempo que a líder europeia esqueceu-se dos apoios destes partidos à sua reeleição e que somente a agenda dos conservadores do Partido Popular Europeu tem vingado em Bruxelas. Mas o discurso desta semana serviu para “normalizar relações, com várias medidas que reuniram os aplausos dos principais partidos”.
Os blocos de extrema-esquerda e extrema-direita do Parlamento Europeu já anunciaram que vão apresentar moções de censura ao executivo de Ursula von der Leyen que deverão ser votadas no início de outubro.
Se aprovadas, o executivo cai, mas as contas indicam que Von der Leyen conta com o apoio da maioria dos eurodeputados, sendo de prever que os seus aliados ao centro exijam mais medidas dentro da sua agenda, tal como aconteceu na última moção de censura em julho.
No hemiciclo comunitário, também defendeu o acordo comercial alcançado entre a UE e os EUA, tentando abrir caminho para que os eurodeputados aprovem legislação que elimine tarifas europeias nos bens industriais europeus para abrir caminho à redução de tarifas sobre carros europeus exportados para os EUA.
“Ouvi muitas coisas sobre o acordo. Percebo as reações iniciais, mas tendo em conta as expetativas e as taxas adicionais que outros têm… nós temos o melhor acordo. Sem dúvida”, afirmou Von der Leyen.
Sobre a ameaça russa, a líder europeia garantiu aos países de leste que Bruxelas está disposta a apoiar financeiramente os seus esforços contra uma potencial agressão russa, o que inclui uma ‘muralha de drones’ para proteger as fronteiras europeias no flanco leste.
UvdL anunciou a suspensão do apoio bilateral a Israel, incluindo apoio financeiro, e a suspensão parcial do acordo comercial. Bruxelas vai também propor a sanção de “ministros extremistas” e de colonos israelitas violentos da Cisjordânia.
“O que está a acontecer em Gaza é inaceitável”, afirmou UvdL, condenando a “fome” imposta por Israel em Gaza.