
“Vistes a tensão no início [da reunião com Trump]. Tivemos de trabalhar arduamente para chegar a um acordo”. Foi desta forma que Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, descreveu a reunião de cerca de uma hora com o presidente dos EUA, Donald Trump, no final da qual foi alcançado um acordo comercial entre as partes. “Foi muito difícil. Começamos muito distantes. Foi justo, mas foi duro“, confessou em conferência de imprensa após o anúncio do acordo. “Foi difícil, mas, no final, fomos bem-sucedidos”, considerou.
Ursula von der Leyen antecipou-se a potenciais críticas sobre o acordo alcançado, lembrando que “não nos devemos esquecer onde estaríamos a 1 de agosto, estaríamos nos 30% [de tarifas] e seria muito mais difícil chegar onde estamos agora, nos 15%”.
A líder da CE revelou ainda mais alguns detalhes sobre o acordo alcançado. Por exemplo, os 750 mil milhões de dólares em bens energéticos que a União Europeia comprometeu-se a comprar aos EUA será um investimento feito nos próximos três anos, a uma média de 250 mil milhões por ano. Os investimentos serão feitos em petróleo, gás e combustíveis nucleares de origem norte-americana. “Queremos livrar-nos do petróleo e do gás russos”, sublinhou Ursula von der Leyen. “A compra de produtos energéticos dos EUA vai contribuir para a segurança energética da União Europeia”, acrescentou sobre este tópico.
Ficou também confirmado que os projetos das gigafábricas de inteligência artificial (IA) que estão a ser preparados na União Europeia vão usar “chips americanos”. Além dos 750 mil milhões de dólares em produtos energéticos, a UE comprometeu-se a investir 600 mil milhões de dólares nos EUA nos próximos anos.
A responsável política assegurou que a tarifa de 15% acordada com os EUA é para “a maioria dos produtos” e inclui os setores automóvel, dos semicondutores e também de produtos farmacêuticos – uma declaração que vai contra aquilo que os responsáveis americanos tinham dito minutos antes, dizendo que alguns destes setores iam necessitar de negociações mais alargadas. [As tarifas de 15%] Não são cumulativas e são abrangentes”, assegurou Ursula von der Leyen. “O que a UE concedeu foi 15% em produtos farmacêuticos – qualquer decisão posterior é da responsabilidade do presidente dos EUA”, atirou.
No entanto, Von der Leyen também confirmou que ainda há detalhes do acordo que terão de ser “resolvidos nas próximas semanas”. “Isto é um ‘framework’ e vamos negociar para baixar as tarifas a mais produtos”.
“Com este acordo estamos a assegurar o acesso ao nosso maior mercado de exportação e vamos dar acesso ao nosso mercado aos produtos americanos e que vão beneficiar os consumidores europeus”, acrescentou a líder da Comissão Europeia.
A presidente da CE deixou também um agradecimento ao presidente dos EUA. “Quero, pessoalmente, agradecer ao presidente Trump pelo seu compromisso pessoal e liderança. É um negociador duro, mas é alguém que fecha acordos”, referiu na conferência de imprensa.
“[Este acordo] Cria certeza em tempos incertos. Traz estabilidade e previsibilidade aos cidadãos dos dois lados do Atlântico”.
Por fim, Ursula von der Leyen quis também passar uma mensagem de que há mais mundo além dos EUA em termos comerciais, com o bloco económico europeu a ter trabalhado recentemente em acordos com países como o México e a Indonésia. “A Europa é um parceiro de confiança”, assegurou.
Notícia atualizada às 20h15