
Os principais índices do lado de lá do Atlântico fecharam a primeira sessão do mês de agosto com fortes perdas, à medida que os investidores se afastaram dos ativos de risco, com as ações a serem atingidas por sinais de fissuras no mercado de trabalho, uma queda das “megacaps” e preocupações no panorama geopolítico.
O S&P 500 perdeu 1,60% para os 6.238,01 pontos, o Dow Jones cedeu 1,23% para 43.588,58 pontos e o Nasdaq Composite tombou 2,24% para 20.650,13 pontos.
O crescimento do emprego nos EUA arrefeceu acima do previsto. A economia norte-americana criou 73 mil empregos em julho, um valor abaixo dos 104 mil antecipados pelos analistas, revelou esta sexta-feira o Gabinete de Estatísticas Laborais dos EUA.
Mas o verdadeiro choque veio das fortes revisões dos dados avançados para os dois meses anteriores, fator que levou o Presidente dos EUA, Donald Trump, a dizer que irá despedir a responsável pelo gabinete de estatísticas laborais do país.
A nova leitura da criação de emprego em maio passou dos 144 mil para 19 mil e os dados de junho caíram de 147 mil para 14 mil. Assim, no que toca ao rumo da política monetária, o cenário muda drasticamente e o mercado já aposta que a Reserva Federal (Fed) norte-americana corte duas vezes as taxas de juro até final do ano, com uma primeira flexibilização a ser apontada para setembro.
“O que parecia ser um mercado de trabalho [robusto] mostrou [debilidades] esta manhã”, disse à Bloomberg Ellen Zentner da Morgan Stanley Wealth Management. “Uma Fed que ainda parecia hesitante em baixar as taxas pode ver um caminho mais claro para um corte em setembro, especialmente se os dados do próximo mês confirmarem a tendência”, acrescentou Zentner.
A queda dos índices marca uma reversão acentuada para os mercados dos EUA, que atingiram muito recentemente sucessivos recordes, apoiados no crescimento económico dos EUA, sinais de arrefecimento da inflação e um “rally” das cotadas ligadas à inteligência artificial.
No plano comercial, quatro meses depois de Trump ter chocado o mundo e agitado os mercados ao anunciar as chamadas tarifas recíprocas no “Dia da Libertação”, as novas taxas aduaneiras reveladas na quinta-feira pelo republicano pressionaram os mercados ao nível global.
A mais recente investida de Trump definiu taxas alfandegárias mínimas de 10%, com tarifas de 15% ou mais para países com excedentes comerciais com os EUA. Além disso, a nova leva de tarifas que visam 68 países, prevê que sejam aplicadas taxas aduaneiras de 35% ao Canadá e de 39% à Suíça.
Entre as “big tech”, a Nvidia recuou 2,33%, a Alphabet perdeu 1,51%, a Microsoft cedeu 0,47%, a Meta desvalorizou 1,76%, a Apple caiu 2,50% e a Amazon afundou 8,27%, depois de ontem ter apresentado um “guidance” aquém da expectativa dos analistas, apesar de ter superado as previsões de lucros e receitas no trimestre.