
O verão “correu muito bem”, mas setembro, que é conhecido por ser historicamente mais fraco para as bolsas, não perdoou. Wall Street está pintado de vermelho, num dia marcado pela forte venda de títulos do Tesouro dos EUA a dez anos, que fez os juros dispararem para 4,28%, fazendo ainda afundar as ações norte-americanas.
O rendimento destes títulos está “mais alto do que em 97% do tempo nos últimos 18 anos, e por isso há uma preocupação global em torno destas taxas de longo prazo”, explicou Matt Maley, estratega da Miller Tabak + Co, em declarações à Bloomberg.
Os investidores estão também a avaliar a legalidade das tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, isto depois de um tribunal federal ter considerado a maioria das suas tarifas como “ilegais”, mas permitiu que as taxas permanecessem em vigor até 14 de outubro. Com a decisão, “a questão passa a ser: ‘a administração de Trump alienou os parceiros comerciais e abriu mão da receita das tarifas?’ É isso que está a afetar os mercados”, disse Oliver Pursche, da Wealthspire Advisors.
Neste contexto, o S&P 500 cedeu 0,69% para os 6.415,54 pontos, o tecnológico Nasdaq Composite perdeu 1,15% para os 21.455,55 e o Dow Jones recuou 0,55% para 45.295,81 pontos.
Um índice que agrega as “Sete Magníficas” caiu 1,4%, pressionado pelas perdas da Nvidia, que caiu 1,97%, mas chegou a perder até 4% para 167,22 dólares por ação, a maior queda intradiária desde o início de julho e do total da sessão desde março, caindo ainda abaixo da média móvel de 50 dias de 171,02 dólares por ação. Descer abaixo desse nível é um sinal negativo, dizem os especialistas.
Apesar da queda de mais de 7% em quatro dias – que eliminou mais de 340 mil milhões de dólares em capitalização de mercado da Nvidia – o recente desempenho da empresa dá algum espaço para alívio no mercado.
A Caterpillar também prolongou as perdas pelo segundo dia consecutivo, ao cair 0,81%, após alertar que o impacto das tarifas seria mais forte do que o previsto nas contas.
A Kraft Heinz cedeu quase 7%, após a empresa ter anunciado que se vai dividir em duas unidades. A Constellation Brands esteve entre as maiores quedas do S&P 500, ao recuar 7,33%, depois de ter revisto em baixa as suas perspetivas para o resto do ano, explicado pela fraca procura dos consumidores e “um comportamento de compra mais volátil”, justificam.
Apesar do cenário das obrigações, há analistas que acreditam que a queda registada nos índices norte-americanos se deveu a uma tomada de mais-valias por parte dos investidores.