
A sinalização de um possível “ajuste” na política monetária foi o suficiente para dar gás a Wall Street. Os principais índices norte-americanos encerraram a derradeira sessão da semana em território positivo, com ganhos a tocarem quase nos 2%, com os investidores mais certos de que a Reserva Federal (Fed) dos EUA vai mesmo avançar com um corte de 25 pontos base na reunião de setembro – depois de ter decidido não mexer nas taxas de juro desde o início do ano.
Apesar de Jerome Powell, presidente do banco central, não se ter comprometido com um alívio já na próxima reunião e ter reafirmado que as decisões da autoridade monetária vão sempre ser acompanhadas de uma análise intensiva dos dados, o mercado de “swaps” já dá como quase certo um novo alívio – e até aponta para um segundo ainda este ano. Num contexto mais otimista, o S&P 500 encerrou a sessão a saltar 1,52% para 6.466,91 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite subiu 1,88% para 21.496,54 pontos e o industrial Dow Jones cresceu 1,89% para 45.631,74 pontos, tendo tocado um máximo histórico de 45.757,84 pontos durante a sessão.
“A Fed, ou pelo menos Powell, está a inclinar-se para uma postura mais ‘dovish’, a fim de dar força a um mercado de trabalho em enfraquecimento”, começa por explicar Ipek Ozkardeskaya, analista sénior do Swissquote Bank, à Reuters. “O facto de a Fed estar agora a preparar-se para conceder ao mercado essa redução de 25 pontos base nas taxas de juro, está obviamente a criar muita euforia” nos mercados, acrescentou ainda.
A grande maioria das “megacaps” (empresas com a maior capitalização de mercado) terminaram a sessão com ganhos substanciais, com a Tesla a liderar o grupo e a disparar 6,22%. Também o Russell 2000, índice que agrega empresas de pequena capitalização e bastante sensível às taxas de juro, disparou com o discurso de Powell, valorizando 3,76%.
Com os ganhos desta sexta-feira, o Dow Jones e o S&P 500 conseguiram recuperar de uma semana que até se mostrava negativa, encerrando a série de cinco sessões com ganhos modestos. Já o Nasdaq Composite, que esteve no centro do “sell-off” que afetou o setor da tecnologia, ainda está em modo de recuperação face às perdas avultadas registadas na terça e na quarta-feira.
Ainda antes do discurso de Powell, a UBS Global Wealth Management já tinha aumentado as suas perspetivas para o S&P 500 relativas a 2025. Foi a segunda revisão em alta este mês, com a empresa de serviços financeiros suíça a citar a solidez dos lucros das empresas norte-americanas, a atenuação das tensões comerciais e as expectativas de cortes nas taxas de juro como razões para melhorar as suas previsões.
Entre as principais movimentações de mercado, a Intel disparou 5,53% para 24,80 dólares, depois de Donald Trump ter confirmado que a tecnológica aceitou dar 10% do seu capital social ao Governo dos EUA. A entrada no capital vai ser feita através da conversão dos subsídios ao abrigo da Lei CHIPS em ações, no valor de 11 mil milhões de dólares – dinheiro destinado reforçar a produção de semicondutores para uso militar e comercial.
Por sua vez, a Intuit caiu 5,03% para 662,66 dólares, após a criadora do software TurboTax ter previsto vendas para o seu primeiro trimestre fiscal inferiores às expectativas dos analistas.