
Os principais índices norte-americanos fecharam com perdas, à medida que parte da euforia em torno das expectativas de cortes nas taxas de juros pela Reserva Federal (Fed) em setembro, fator que tem alimentado recentes ganhos em Wall Street, diminuiu.
O S&P 500 desvalorizou 0,43% para os 6.439,32, o tecnológico Nasdaq Composite perdeu 0,22% para os 21.449,29 e o Dow Jones recuou 0,77% para 45.282,47 pontos.
Depois de o S&P 500 ter registado a maior subida desde maio na passada sexta-feira, na sequência da postura “dovish” do presidente da Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole, o índice de referência negociou hoje sob pressão.
Embora Powell tenha sinalizado no Simpósio anual da Fed que é provável que haja um corte nas taxas diretoras em setembro, devido aos riscos experienciados no mercado de trabalho, as dúvidas sobre o ritmo dessas reduções parecem permanecer entre os investidores.
Além da divisão entre os decisores de política monetária no país, os “traders” preparam-se agora para uma leitura do índice de preços das despesas pessoais de consumo (PCE) – o indicador preferido da Fed para a inflação – que poderá não se mostrar favorável.
Os governadores da Fed estão a lidar com uma inflação que ainda está acima da meta de 2% — e a dar sinais de que poderá não abrandar para já — e um mercado de trabalho que mostra sinais de fraqueza. Esta realidade é agravada por um alto grau de incerteza sobre como cada um desses fatores evoluirá nos próximos meses, devido, em grande parte, às políticas comerciais da Administração norte-americana.
“Agora, a discussão provavelmente irá virar-se para o quão agressivo a Fed poderá ser”, disse à Bloomberg Chris Larkin, do Morgan Stanley. “Os sinais de desaceleração do mercado de trabalho parecem atualmente superar as preocupações com a inflação, mas a Fed não abandonou a sua meta de 2%”, acrescentou.
Os comentários de Powell no final da semana passada abriram a porta a um corte das taxas de juro na reunião da Fed de 16 e 17 de setembro, mas também dão maior peso aos relatórios de emprego e inflação que serão recebidos antes do encontro. O próximo relatório mensal de emprego será divulgado a 5 de setembro e os dados sobre os preços no consumidor e no produtor na semana seguinte.
A par dos dados económicos que serão conhecidos ao longo desta semana, os investidores irão estar focados na apresentação de resultados da gigante Nvidia, marcada para esta quarta-feira, 27 de agosto, numa altura em que Wall Street parece estar à procura de novos catalisadores.
Nesta linha, os “traders” esperam que os resultados da “big tech” possam acalmar os crescentes receios em relação aos gastos com inteligência artificial (IA) e confirmar efetivamente que a recente recuperação do mercado não se trata apenas de uma “bolha tecnológica”. O tamanho da Nvidia — que tem o maior peso entre as cotadas do S&P 500 — e a posição que ocupa no centro do desenvolvimento da IA tornaram a empresa num indicador da saúde do mercado em geral.
Entre os movimentos do dia, a Keurig Dr. Pepper perdeu mais de 11%, depois de ter concordado em comprar a empresa holandesa de café JDE Peet’s por 18 mil milhões de dólares (cerca de 15.356 milhões de euros ao câmbio atual).
Entre as “big tech”, a Nvidia subiu 1,03%, a Alphabet ganhou 1,18%, a Microsoft cedeu 0,59%, a Meta desvalorizou 0,20%, a Apple caiu 0,26% e a Amazon recuou 0,39%.