
O “rally” que se tem vivido nos ativos de risco norte-americanos sofreu hoje um contratempo, depois de a inflação no produtor de julho nos Estados Unidos (EUA) ter ficado acima das expectativas do mercado.
Os principais índices norte-americanos fecharam sem rumo definido, tendo sido pressionados, durante a sessão, pela nova leitura do índice de preços no produtor (PPI, na sigla inglesa) de julho, que levou alguns investidores a reduzirem as apostas de que a Reserva Federal (Fed) irá avançar com um corte nas taxas de juro já no próximo mês.
O S&P 500 subiu 0,03% para os 6.468,54 pontos, atingindo um novo máximo de fecho. Já o tecnológico Nasdaq Composite cedeu 0,01% para 21.710,67 pontos e o Dow Jones recuou 0,02% para 44.911,26 pontos.
O índice de preços no produtor “core” nos Estados Unidos (EUA), que exclui os preços dos alimentos e energia por serem mais voláteis, subiu 0,9% em julho, marcando o maior aumento desde março de 2022. Os dados agora conhecidos ficaram acima das estimativas do mercado, que apontavam para um aumento de 0,2%. Em termos anuais, o índice de preços no produtor aumentou 3,7% em julho, após um aumento de 2,6% no mês anterior, superando também as previsões de um avanço de 2,9%.
Os mercados apontam agora para uma probabilidade de 90% de que a Fed venha a flexibilizar os juros diretores em setembro, ligeiramente abaixo da probabilidade de 95% apontada anteriormente.
“O facto de o PPI ter sido mais forte do que o esperado e o índice de preços no consumidor ter sido relativamente fraco sugere que as empresas estão a absorver grande parte dos custos das tarifas, em vez de os passar para o consumidor”, disse à Bloomberg Clark Geranen, da CalBay Investments. “As empresas podem em breve começar a inverter o curso e passar esses custos para os consumidores”, acrescentou o especialista.
Nesta linha, Chris Zaccarelli, da Northlight Asset Management, defende que o aumento do PPI mostra que a inflação está a afetar a economia norte-americana, mesmo que ainda não tenha sido sentida pelos consumidores. “Dado o quão benignos foram os números do índice de preços no consumidor na terça-feira, esta é uma surpresa muito indesejada e provavelmente irá dissipar parte do otimismo em relação a um corte ‘garantido’ das taxas no próximo mês”, referiu o especialista à agência de notícias financeiras.
Entre os movimentos do mercado, a Intel pulou mais de 7%, atingindo máximos de abril, já que apenas momentos antes do fecho da sessão soube-se que a Casa Branca estará a negociar a entrada do Governo norte-americano no capital da Intel.
Já a Deere & Co., a maior fabricante mundial de máquinas agrícolas, reduziu as suas previsões de lucros para o ano inteiro, citando os preços mais baixos dos cereais que estarão a restringir os gastos dos agricultores. A empresa cedeu mais de 6% na sessão de hoje.
Entre as “big tech”, a Nvidia subiu 0,24%, a Alphabet avançou 0,39%, a Microsoft ganhou 0,36%, a Meta valorizou 0,26%, a Apple caiu 0,24% e a Amazon pulou 2,87%.