
Os principais índices norte-americanos fecharam com perdas, à exceção do tecnológico Nasdaq, depois de as esperanças dos investidores de que a Reserva Federal (Fed) sinalizasse cortes iminentes nas taxas de juros não se ter concretizado.
O S&P 500 perdeu 0,12% para os 6.362,90 pontos, o Dow Jones recuou 0,38% para 44.461,28 pontos e o Nasdaq Composite ganhou 0,15% para 21.129,67 pontos. O desempenho dos índices foi o pior num dia de decisão da Fed desde o mês de dezembro.
Apesar de os índices terem registado ganhos durante a sessão, o panorama alterou-se com comentários do presidente da Fed, Jerome Powell, que disse aos jornalistas que nenhuma decisão foi tomada sobre a flexibilização das taxas diretoras em setembro. O líder do banco central referiu que o mercado de trabalho “parece sólido”, enquanto a inflação permanece acima da meta da Fed – de 2% -, declarações que os investidores interpretaram como contrárias a uma mudança iminente no rumo da política monetária.
Concluída a reunião de julho da Fed, o banco central norte-americano voltou a deixar as taxas intactas pela quinta vez consecutiva, não tendo ainda mexido nos juros este ano.
“Parece que a Fed vai continuar a depender dos dados para a sua próxima reunião”, disse à Bloomberg Bret Kenwell, da eToro. “Para conseguir esse corte nas taxas, a Fed precisará de ganhar confiança de que os aumentos da inflação serão pontuais e silenciosos, ou que a inflação continuará a apresentar uma tendência de queda nos próximos meses e trimestres. Isso assumindo que não veremos uma deterioração notável no mercado de trabalho”, acrescentou o especialista.
No plano económico, o produto interno bruto (PIB) norte-americano registou um crescimento de 3% no segundo trimestre, em termos homólogos, depois de ter sofrido uma contração de 0,5% nos primeiros três meses do ano. O desempenho da maior economia mundial no segundo trimestre foi impulsionado por uma quebra de 18,2% nas importações, pressionadas pelas tarifas impostas pela Casa Branca, e um aumento no consumo privado, o principal motor da economia norte-americana.
Assim, os investidores parecem apoiar-se agora no crescimento económico dos EUA, num “boom” dos lucros das cotadas alimentado pelo investimento em inteligência artificial, e na crença de que as tarifas apenas desencadearão uma inflação “controlável”.
O S&P 500 está prestes a entrar no que tem sido historicamente o seu período mais difícil do ano. Nas últimas três décadas, o “benchmark” registou o seu pior desempenho nos meses de agosto e setembro, segundo dados compilados pela Bloomberg.
No plano empresarial, a apresentação de resultados da Meta e da Microsoft após o fecho da sessão desta quarta-feira irá centrar a atenção dos investidores, à medida que prossegue a “earnings season” das cotadas norte-americanas.
Entre os movimentos do mercado, a Harley-Davidson pulou mais de 13%, mesmo depois de ter afirmado que as tarifas prejudicaram os lucros no segundo trimestre, que obrigaram a fabricante de motas a reduzir a sua produção.
Quanto às “big tech”, a Nvidia somou 2,14%, a Alphabet ganhou 0,51%, a Amazon perdeu 0,35%, a Microsoft subiu 0,13%, a Meta desvalorizou 0,68% e a Apple recuou 1,05%.