A Xiaomi enfrenta uma das suas maiores crises de segurança automóvel: 117.000 unidades do seu sedan elétrico SU7 serão chamadas à revisão devido a falhas no sistema de condução autónoma. O alerta surge após um trágico acidente na China, em que três estudantes universitários perderam a vida enquanto o veículo circulava com o piloto automático ativado.
Campanha de revisão anunciada
A Xiaomi anunciou uma campanha que afetará 116.887 unidades do seu sedan elétrico SU7 devido a falhas no sistema de assistência à condução. A medida surge seis meses depois de um acidente mortal com este modelo ter levantado preocupações sobre a segurança dos seus sistemas autónomos de nível 2.
A Administração Estatal para a Regulação do Mercado da China determinou que o sistema de piloto automático em autoestrada do SU7 apresenta “capacidade de reconhecimento insuficiente” e pode não detetar nem alertar adequadamente sobre certos cenários de risco.
Isto afeta todos os veículos fabricados entre fevereiro de 2024 e agosto de 2025.
Acidente mortal em março
No passado mês de março, três estudantes universitários perderam a vida na China quando o seu Xiaomi SU7 colidiu contra um poste de cimento a 97 km/h numa autoestrada.
O veículo circulava em modo de condução autónoma e incendiou-se após o impacto, que ocorreu segundos depois de o condutor ter recuperado o controlo, após receber um alerta do sistema sobre obstáculos.
Atualização via OTA e impacto regulatório
A Xiaomi resolverá o problema através de uma atualização de software gratuita enviada via OTA (Over-the-Air) aos veículos afetados. A empresa notificará os proprietários na China através de mensagens de texto e da sua aplicação móvel.
Esta retirada coincide com o endurecimento das normas de segurança para veículos com automação de nível 2 na China. Na quarta-feira, as autoridades publicaram um rascunho de novos padrões de segurança que entrarão em vigor em 2027.
De acordo com a legislação atual, os sistemas de nível 2 exigem que o condutor mantenha as mãos no volante em todos os momentos e preste atenção constante.
A medida da Xiaomi insere-se numa tendência crescente de maior transparência no setor automóvel chinês. Recentemente, a Xpeng também notificou os clientes do seu modelo P7+ devido a uma falha na direção, rompendo com a prática anterior de evitar chamadas à revisão no mercado chinês.
No caso da Xiaomi, embora a campanha consista numa atualização de software instalada remotamente no carro do proprietário, as autoridades chinesas continuam a classificá-la como uma “chamada à revisão”, uma vez que afeta a segurança do veículo, requer aprovação regulatória e obriga o fabricante a cumprir protocolos específicos de notificação.